Raoul Wallenberg nasceu na Suécia e estava destinado a ter
sucesso na vida, mas escolheu salvar a vida de milhões de estrangeiros. Na
primavera de 1944, o mundo ocidental viu de perto os horrores do Holocausto,
quando os relatos de testemunhas do campo de extermínio de Auschwitz foram
divulgados. À época, os EUA estabeleceram o Conselho de Refugiados de Guerra,
cujo objetivo era salvar os judeus. Raoul Wallenberg decidiu então assumir a
missão do conselho, em Budapeste, de salvar os judeus da Hungria, a partir dos
campos de extermínio nazistas.
Uma de suas primeiras tarefas foi projetar um
"passe sueco de proteção". Ele conhecia a fundo a burocracia nazista
e sabia que documentos oficiais com carimbos, assinaturas e o brasão da Suécia
imporiam respeito. Conseguiu negociar uma cota de 4.500 passes com as
autoridades húngaras, mas emitiu três vezes mais.
Wallenberg também abriu as Casas Suecas, onde os
judeus se esconderiam. Protegidos apenas por uma bandeira e pela declaração de
Wallenberg de que esses edifícios eram território sueco, cerca de 15 mil judeus
conseguiram refúgio. Posteriormente, missões diplomáticas de outros países
seguiram seu exemplo.
Memorial para Raoul Wallenberg removido pelo regime comunista e restaurado no 50º aniversário da sua demolição (Budapeste, Distrito XIII, Parque Szent István) |
Mesmo com a guerra chegando ao fim, o extermínio dos
judeus continuava. O oficial nazista Adolf Eichmann, responsável pela
"Solução final" dos judeus europeus, instituiu a marcha de deportação
da Hungria. Dezenas de milhares de famintos judeus foram forçados a marchar por
centenas de quilômetros no inverno rigoroso, com muitas mortes no caminho.
Entretanto, Wallenberg não ficou indiferente diante desse crime horrendo. Ele
perseguiu as marchas em seu carro, distribuindo alimentos, roupas, medicamentos
e os passes de proteção. Usando ameaças e subornos, salvou os judeus que
possuíam documentos suecos, levando-os de volta a Budapeste.
Quando deportações ocorriam por trem, Wallenberg
exibia uma coragem extraordinária, escalando em vagões destinados a Auschwitz,
distribuindo passes de proteção para os judeus já dentro do trem. Ele então
exigia que esses judeus, com os passes, fossem retirados dos trens.
Eichmann também planejava o massacre de todos os
judeus do gueto maior. Wallenberg descobriu a trama e entrou em ação. Ameaçando
responsabilizar o comandante em chefe das tropas alemãs na Hungria, o general
August Schmidthuber, ele conseguiu cancelar o massacre no último minuto: 120
mil judeus húngaros foram salvos.
Entre os anos de 1944 e 1945, quando a Europa foi presa em um véu de escuridão, os feitos de Wallenberg brilhavam como um raio singular de esperança. É por isso que o seu legado vive em todas as nossas memórias e gerações de judeus estão vivos hoje graças aos seus esforços.
Após a guerra, Wallenberg deveria ter retornado à
Suécia como herói, mas em 17 de janeiro de 1945 ele foi escoltado por tropas
soviéticas ao quartel-general militar a leste de Budapeste. Em seu caminho,
disse a um amigo que não tinha certeza se estava indo para ser hóspede ou
prisioneiro. Raoul Wallenberg desapareceu naquele dia e seu verdadeiro destino
nunca foi revelado. Se estivesse vivo, comemoraria hoje 101 anos de vida!
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