quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Madonna escreve sobre sua viagem ao mundo da Cabala

Eu encontrei uma resposta

Artigo escrito por Madonna para o jornal israelense Yedioth Ahronoth.

Existe um velho clichê: Quando o aluno está pronto, o professor aparece.
Eu tinha viajado o mundo muitas vezes, me apresentado em estádios futebol, aparecido em filmes, jantado com líderes de países, colaborado com grandes artistas e conseguido o que a maioria das pessoas veria como um elevado nível de sucesso, mas eu ainda sentia que algo estava faltando na minha vida.
Eu estava grávida de minha filha, quase 14 anos atrás, e eu tinha acabado de terminar o filme Evita. Percebi que tinha gasto toda a minha vida me preocupando somente comigo mesma, e que eu iria em breve ser responsável por outro ser na vida.
Fui criada como católica e meu pai era muito religioso, mas nenhuma das minhas perguntas havia sido realmente respondida quando se tratava de tentar compreender por qual razão as pessoas sofrem no mundo ou qual é o sentido da vida.
E de repente eu pensei - O que vou ensinar à minha filha sobre as coisas importantes na vida?
Eu estava praticando ioga há anos e estudando sânscrito. Eu tinha lido muitos livros dos grandes mestres iogues e avatares hindus. Eu estudei budismo e os ensinamentos do Dalai Lama. Eu estudei taoísmo e a Arte da Guerra.
Eu li sobre gnosticismo e os primeiros cristãos. Aprendi muito e eu estava muito inspirada, mas eu ainda não podia ligar os pontos e encontrar uma maneira de aproveitar esse conhecimento e aplicá-lo à minha vida diária.
Eu estava procurando uma resposta.
Eu fui a um jantar especial em Los Angeles.
Uma mulher sentada ao meu lado estava me contando sobre um curso que ela estava fazendo com um rabino.
Ela disse que era tão inspirador que eu deveria acompanhá-la. Eu perguntei a ela de que se tratava.
Ela disse: - Vida.
Perguntei-lhe como era chamado.
Ela disse:
- Cabala.
Eu disse que eu não era judia e ela disse:
- Que diferença faz como é chamado e que educação religiosa você teve se você se inspirar?
Ela tinha razão nesse ponto.
Então fui para o curso, me sentei nos fundos e ouvi um homem chamado Eitan ensinar.
Eu ouvi o que ele tinha para dizer, e eu soube naquele momento que a minha vida nunca mais seria a mesma.
Eu comecei a ir para as aulas regularmente e sentar na sala de aula com meu notebook. Ninguém me incomodou. Tomei notas.
Conheci Eitan em particular e fiz uma porção de perguntas. A coisa que era incentivada ao máximo era perguntar mais.
Todas as perguntas que eu tinha sobre a Vida começaram a ser respondidas e eu percebi que tinha finalmente encontrado uma "crença" ou filosofia que incorporava Ciência e Espiritualidade.
Eu estava aprendendo sobre física, astronomia, Natureza e as leis de causa e efeito.
Todas as peças do quebra cabeças começaram a se encaixar.
A vida já não parecia uma série de eventos aleatórios. Eu comecei a ver padrões de vida. Eu acordei. Comecei a ter consciência das minhas palavras e das minhas ações e a realmente ver os resultados das mesmas.
Eu também comecei a ver que ser rica e famosa não ia me trazer satisfação duradoura e que não era o fim da jornada, que era o começo.
Tenho estudado com Eitan consistentemente desde a primeira aula e foi só uma questão de tempo até conhecer Michael Berg, cujo pai, o Rav Berg, vem de uma longa linha de cabalistas e foi o professor de Eitan.
Michael Berg é um ser humano único. Talvez seja a pessoa mais inteligente que conheço.
A primeira vista ele parece quieto e tímido, conservador e talvez até um pouco ingênuo. Mas, pergunte-lhe sobre qualquer assunto e você vai se encontrar nadando em um oceano de informação.
É espantoso o que ele sabe e o que ele tem alcançado com tão pouca idade. O fato de ele ter traduzido os 22 volumes do Zohar do Aramaico para o hebraico e o inglês é marcante.
A coisa engraçada sobre Michael é que ele fica tão confortável, e com conhecimento, discutindo tanto sobre os ensinamentos do ARI, quanto sobre o seu episódio favorito da serie Seinfeld.
Ele sabe mais sobre a cultura pop, e o que está acontecendo no mundo, do que qualquer outro que conheço. E ainda assim o seu desejo de realmente fazer uma diferença na mudança do mundo, e a compaixão que sente para com as pessoas que estão sofrendo são incomparáveis.
Quando Michael se levanta para contar uma história na frente de uma sala cheia de pessoas nunca há um olho seco, incluindo o seu.
Tenho sorte em chamá-lo de meu amigo.
Ele tem um filho com Síndrome de Down e talvez seja por isso que ele sente a necessidade de vir para o resgate das crianças que vivem em pobreza extrema, ou em situações desafiadoras.
Estávamos ambos à procura de um projeto para crianças e eis que apareceu uma mulher do Maláui e contou-nos sobre a situação das mais de 1 milhão de crianças órfãs da AIDS no seu país, pequeno e sem litoral, situado na África.
Antes mesmo de nos darmos conta já estávamos visitando o Maláui, e isto foi o nascimento da nossa fundação Raising Malawi.
Claro que agora que eu sei o que eu sei, eu percebo que isso não aconteceu por acaso.
Mais uma vez os alunos estavam prontos e o professor apareceu. Neste caso as crianças do Malawi é que são os professores.
Elas me ensinaram muito. E continuam a me ensinar.
Como fazem o Michael e o Eitan.

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